terça-feira, 17 de julho de 2012

Altos e baixos

Nem todos os dias foram feitos para o sucesso. Nem todas as sessões de radioterapia apresentam melhoras imediatas nos pacientes.

Há dias em que o abatimento parece tomar conta da gente, o desânimo aparece e a descrença com o tratamento nos atinge de uma maneira tão brutal que nem acreditamos que está a acontecer.

Mas continuamos a acreditar que o amor, o afeto e a alegria são as melhores e mais poderosas armas contra o câncer, seja ele de que tipo for. Só quem não tem a doença acredita no contrário.

Não falo de mim, jamais. Não posso me queixar do tratamento, da atenção e carinho que recebo diariamente do pessoal da radioterapia do Real Hospital Português nem da esperança que cada dia fica mais forte.

Escrevo sobre aquela família, pai e mãe, que chegou amparando o filho adolescente da maneira mais carinhosa e linda do mundo.

Hoje, os dois exibiam na face o estado de saúde do filho, que não desiste de lutar apesar de alguns dias estar mais abatido, como agora.

Me deu uma vontade danada de chegar junto aos dois e dizer baixinho: "Ânimo, ele precisa de vocês dois assim como nós, aqui, precisamos de vocês três e do sucesso de seu filho".

Não disse porque achei que interromperia aquela união de uma família na sala de espera da radioterapia: o filho encostado no peito da mãe, o pai abraçado com a mulher.

Neguei a desmanchar o quadro, mas fui surpreendido pelo imenso sorriso que a mãe me dirigia como se advinhasse meus pensamentos e o que escreveria.

A vida, como a doença, é feita de altos e baixos.

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